Identidade profissional

Transcrevo abaixo um texto que gostei muito, de autoria da consultora de carreira e diretora executiva da Lens & Minarelli, Mariá Giuliese, que também é psicóloga especializada em psicanálise e psicologia organizacional; ela criou em seu livro Desenhando o Futuro - Transições de Vida e Carreira (Ed. Qualitymark) o Diagrama de Estados da Carreira Profissional.

1ª INFÂNCIA - ESTADO DE DESCOBERTA
- Primeira relação com o trabalho; Ligação simbiótica com teorias, conhecimentos e com a chefia;
- Inexperiência, insegurança e medo da realidade organizacional;
- Defesas: negação da realidade ou delírio e fantasia;
- Início da estruturação da identidade profissional.
Chefe ideal: ajuda na autodescoberta e compreensão do mundo dos negócios.

2ª INFÂNCIA - ESTADO DE IMITAÇÃO
- Aprendizado por imitação;
- Percepção de estar separado das teorias;
- O chefe é o modelo e os pares, concorrentes;
- Sentimentos de ciúme, inveja e rivalidade;
- Aprende a dividir e a compartilhar.
Chefe ideal: observa, aceita, interpreta, dá suporte e treina para desenvolver valores e princípios éticos e morais.

3ª INFÂNCIA - ESTADO DE IDEALIZAÇÃO
- Aumentam as responsabilidades e as dúvidas;
- Necessidade de realizar, mas teme realizar de forma independente;
- Desejo de agradar e evoluir;
- Relações interpessoais sociais mais acentuadas;
- Formação de idéias.
Chefe ideal: define as regras do jogo e os limites, estabelece espaço para brincar e errar, reassegura e dá feedback quanto ao desenvolvimento.

4ª ADOLESCÊNCIA - ESTADO DE RESOLUÇÃO
- Tempo de construir, aprender e realizar;
- Intenso contato consigo mesmo, dúvidas e incertezas;
- Comparação com os colegas;
- Crítica intensa quanto à realidade organizacional e ao modelo de comando;
- Desenvolvimento emocional e intelectual;
- Impulsividade: muito músculo e pouca experiência;
- Passa por algumas desilusões e faz opções religiosas, morais, filosóficas e estéticas.
Chefe ideal: define os limites, orienta, assiste, compreende, aceita, comanda, respeita e se faz respeitar, ouve e direciona a força e os talentos.

5ª JOVEM ADULTO - ESTADO DE DESILUSÃO
- Consolidação da identidade profissional;
- Estabilização de valores e princípios afetivos, religiosos e morais;
- Busca os pares e as equipes;
- Crescem as ambições e o desejo de poder;
- Tem início a construção da visão estratégica;
- Experimenta intensas desilusões.
Chefe ideal: orienta mais e disciplina menos, mais responsabilidades, respeito e espaço.

6ª MATURIDADE - ESTADO DE CONSOLIDAÇÃO
- Conhece a si mesmo, seus limites, recursos e fragilidades;
- Menos músculos e energia física;
- Capacidade de compreender, assistir, orientar e informar plenamente;
- Relações afetivo-emocionais evoluídas;
- Percepções mais agudas;
- Capaz de atuar de forma estratégica, destruir paradigmas e construir novos caminhos.
Chefe ideal: consolida grandes conquistas, abre mão de vaidades e competições;

7ª PÓS-CARREIRA - ESTADO DE SABEDORIA
- Maior liberdade e independência;
- Percepção da possibilidade de envelhecimento e da morte da carreira;
- Chora perdas e reconhece ganhos;
- Estado de balanço e constatações;
- Necessidade de ser orientador, vontade de ensinar e passar adiante seus conhecimentos.
Chefe ideal: o ideal, nesse caso, é ser o chefe e não ter um chefe.
 

Kátia Ricardi de Abreu, Psicóloga clínica e organizacional, graduada pela PUCCAMP, consultora de empresas, palestrante e escritora