Referências profissionais

Pedir referências de um profissional que está prestes a ser admitido numa empresa é um procedimento muito usado; geralmente o departamento pessoal da empresa contratante entra em contato com as últimas empresas onde o candidato trabalhou fazendo algumas perguntas sobre a pessoa em questão. Muitos já saem do último emprego com uma carta de referência para anexar ao seu Curriculum Vitae, como uma forma de agregar valor a sua carreira.

Este procedimento está atualmente apresentando algumas características peculiares como exceção, não como regra. Ocorre que alguns candidatos são “fritados” nesta ocasião, por pessoas que não estão interessadas na sua recolocação. Os motivos podem ser pessoais, ou ainda, como uma forma de impedir a contratação do profissional junto à concorrência.

É um comportamento mesquinho, de baixa categoria, porém, presente em vários depoimentos de candidatos que já passaram por esta experiência negativa. Depois de certo tempo, eles descobrem que não conseguem se recolocar no mercado devido a estas maldades corporativas. Uma candidata relatou que ficou desempregada durante cinco meses e só depois descobriu que isso estava acontecendo com ela. Fazia as entrevistas, sentia que estava dando tudo certo e depois a empresa não a chamava, no final do processo seletivo. Outro candidato me relatou que o próprio ex-chefe, quando o encontrava, dizia que poderia dar seu celular para referências; ele o fez e depois descobriu que o ex-chefe dava respostas evasivas diante das perguntas, deixando sempre uma dúvida no selecionador que buscava as informações.

As referências são muito importantes dentro do processo seletivo, mas seria útil que o selecionador soubesse valorizar outros indicadores diante de alguma informação negativa sobre o candidato. Hoje, as pessoas mais competentes são as que mais têm dificuldades de recolocação, dependendo da área de atuação.

O que me deixa mais intrigada é a maldade deliberada daqueles que insensivelmente não consideram o quanto estão prejudicando a vida de pessoas que querem honestamente trabalhar e seguir adiante!

Enfim, tudo é possível num mundo onde o mal está avançando cada vez mais porque estamos permitindo, à medida que silenciamos diante das injustiças, calamos diante da calúnia, contemporizamos diante da perversidade e até aprendemos a conviver com ela, como se isso fosse inevitável. Quando vamos sair da passividade e reagir?

Kátia Ricardi de Abreu, Psicóloga clínica e organizacional, graduada pela PUCCAMP, consultora de empresas, palestrante e escritora