Kátia Ricardi de Abreu é Psicóloga ( CRP 06/15951-5) graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, em 1982.

Especialista em Análise Transacional, é Membro Certificado Clínico pela Associação Latino-Americana de Análise Transacional (ALAT) e Membro Didata Clínico em formação pela UNAT-Brasil.

Proprietária da EGO CLÍNICA E CONSULTORIA, na área clínica atende crianças, adolescentes e adultos, individual, grupos, casais e famílias.

Na área organizacional, atua em gestão de pessoas de acordo com as necessidades específicas de cada grupo, empresa e organização pública ou privada em diversos segmentos de mercado.


Foi Vice-Presidente da UNAT-Brasil. Participa de Congressos e eventos ligados à Psicologia e áreas afins.

 

Atualmente é presidente do Rotary Club São José do Rio Preto - Distrito 4480

Ministra Cursos e Palestras em todo Brasil, sobre qualidade de vida, universo corporativo, universo feminino, relacionamento humano, levando sua mensagem forte de vida fundamentada numa filosofia humanista. Seu estilo é um convite à reflexão e mudança positiva de conduta frente à realidade.

É articulista de vários jornais, revistas especializadas e sites.

 

 

 

 


 

R. Ondina, 44 - Redentora
São José do Rio Preto - SP
Fone: (0xx17) 3233 2556 

 

 

“E A VIDA CONTINUA...”


CAPÍTULO I

 

Na capela do hospital, ele buscava consolo para sua tristeza. Levou um certo tempo para se soltar e deixar as lágrimas rolarem. Grossas lágrimas salgadas, abundantes, que saltavam de seus olhos com toda a permissão de sua alma. Ele não estava em condições de se importar com o que se passava a sua volta. Se alguém nesse momento lhe dissesse que homem não chora, ele certamente não iria se incomodar. Continuaria chorando, chorando muito. Seus soluços poderiam ser ouvidos à distância. Depois de uns vinte minutos de choro convulsivo, ele passou a eliminar as lágrimas em silêncio. Sem dúvida alguma, este era o maior sofrimento que ele já havia passado em toda a sua pouca vida.

Seus olhos ora fechados, ora abertos, na direção da imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo pregado na cruz, identificavam-se com o maior sofrimento que a história da humanidade relata.


Ele não tem idéia de quanto tempo ficou ali sentado, diante da cruz. Lembranças vinham à sua mente, de momentos de alegria e tristeza ao lado daquela criatura maravilhosa que ele acabara de se separar para sempre nesta vida: sua mãe Maristela. Quando chegou ao hospital, já era tarde. Ela já havia falecido. Não conseguiu um vôo que chegasse a tempo de ouvir as últimas palavras ditas por ela. Conta a equipe médica que todos se emocionaram, que foi uma despedida consciente, profundamente madura de uma pessoa que conheceu o amor na sua plenitude.

Sabia que, ao sair dali, encontraria seu pai, Luiz e que teria que se recuperar emocionalmente para confortá-lo. Então, buscava forças na sua fé, na sua compreensão espiritual para poder se refazer o mais rápido possível.

Tudo o que sua mãe lhe ensinou nestes anos todos sobre a vida, sobre Deus e sobre o mundo lhe passava pela memória como um arquivo inesquecível. Não só porque era sua mãe, mas porque sabia ser ela uma criatura especial na sua capacidade de compreender o mundo e as pessoas. Sabia que ela havia sido uma mulher que alternava a firmeza de pensamento e ação com a fragilidade das emoções intensas. Queria ter tido a oportunidade de conviver mais com esta criatura que lhe ensinou a amar desta forma tão diferente dos seus amigos. Queria poder compreender o que a havia levado a ensinar-lhe tanto sobre como respeitar os sentimentos das pessoas e das mulheres, em especial.

-Uma mulher não sente afeto como um homem, dizia ela. Esta educação latina acaba deixando os homens prejudicados na sensibilidade de perceber e valorizar as emoções mais sublimes que uma mulher pode expressar. Quando você estiver diante de uma mulher, faça para ela tudo o que você gostaria que alguém fizesse para você. Não sinta vergonha de expressar suas emoções e nunca brinque com os sentimentos das pessoas.

-Como assim? O que você quer dizer com isso? Como se brinca com o sentimento das pessoas? – perguntava Júnior, ou JR como desde pequeno seu pai o chamava

-Estou querendo alertá-lo para não ser unilateral, não pensar apenas em você, nos seus sentimentos. Considere que existem várias formas de amar.

Ao terminar a frase, Maristela se dirige para o elevador, olhando no seu relógio de pulso, já pensando em seus compromissos no escritório. Antes que a porta se fechasse, ela lhe havia jogado um beijo. Ele se lembra de seus grossos lábios sorrindo e dizendo:

- Hoje à noite, durante o jantar continuaremos a conversa. Quem sabe seu pai poderá dar alguns palpites, como representante do time masculino.

A cena se apaga da mente de JR e ele volta a chorar. Gostaria de lembrar tudo: todas as conversas, todas as discussões, todos os momentos divertidos. Gostaria de ouvir novamente aquelas gargalhadas entusiasmadas de Maristela diante de conquistas quase rotineiras. Gostaria de ter fotografado a expressão do rosto dela sempre que observava o entardecer. Gostaria de ter gravado seus conselhos, de ter perguntado mais sobre essa forma tão diferente de tratar as mulheres, que ela tanto falava. Mas agora, ele estava se sentindo impotente na sua capacidade de administrar a dor. Confuso, introspectivo, não conseguia notar nem mesmo uma jovem no canto oposto da capela, que assim como ele, derramava grossas lágrimas enquanto segurava um rosário em suas mãos. Como num coro de dor, ambos não se controlavam na expressão autêntica de uma tristeza que apenas aqueles que a sentem sabem como dói.

JR se levanta em direção à porta, assim como a jovem que segura o rosário de contas prateadas nas mãos. Os olhares de ambos se cruzam rapidamente. Ao abrir a porta da capela, JR faz um gesto cavalheiresco para que a jovem passe primeiro. Ela o agradece com o olhar. Só com o olhar, pois os seus lábios não conseguem se mover mais do que o necessário para dizer: obrigada.

Suas mãos trêmulas deixam cair o rosário no chão. Ele se abaixa para pegá-lo, com toda a educação e gentileza que seus pais lhe ensinaram.

Ela agradece novamente com o olhar e consegue balbucuar algumas palavras:

- Perdoe-me... estou muito atordoada... meu pai faleceu...

- Minha mãe também... – murmura ele.

Seus olhares se encontram e se desencontram marejados de lágrimas.

Ambos caminham em direção à saída do hospital, talvez para nunca mais se encontrarem.

Talvez...
 


 

 


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