OS REBELDES

A rebeldia, característica na adolescência, ocorre quando os filhos fazem exatamente o contrário do que os pais dizem ou querem. Mas pode se estender para a vida afora. Já viu algum coroa com comportamentos típicos de adolescente? Eu já!
A rebeldia ativa se manifesta através da agressividade. Declarar-se oposição a qualquer preço, é o objetivo da pessoa que ainda não parou para pensar sobre o que ela quer. De fato, o rebelde é simplesmente contra, não importa o quê! Ele pode ser contra o que ele próprio quer, uma vez que não faz contato com seus sentimentos autênticos.
A rebeldia passiva é mais difícil de ser percebida. Porque a pessoa não briga, não discute, não é agressiva. Porém, ela faz o contrário do que acha que os outros querem que faça; combina uma coisa, não cumpre e depois, dá uma desculpa esfarrapada: “puxa, esqueci!”
Um dia a maturidade surge de tal forma que a pessoa começa a perceber que perde muito com esse negócio de ser do contra. Então, ela passa a entrar em contato com seus sentimentos e respeitá-los, agindo de forma coerente. Quando isso não acontece, a idade cronológica avança e a rebeldia continua instalada no comportamento. É o tal rebelde coroa!
Gabriel (nome fictício) atrasava sempre nas reuniões, raramente fazia o que lhe era pedido sem argumentar. Não conseguiu trabalhar em empresa nenhuma e com a ajuda da família, abriu seu próprio negócio. Ficou livre dos chefes, normas e procedimentos das empresas, porém, não ficou livre da rebeldia. Irreverente, seus clientes não agüentaram tantos desaforos passivos! Sua empresa “quebrou”, como se costuma dizer. Gabriel pegou sua prancha de surf e foi morar na casa de praia da família; cabelos grisalhos ao vento, ele curte a vida, recebendo a mesada dos pais.
Segundo Maria Bernadete Pupo, Consultora e Gerente de RH, autora do livro “Empregabilidade acima dos 40 anos”, rebeldes inteligentes sabem utilizar excelentes estratégias, sem que para isso sejam necessárias armas de fogo. Este é o lado saudável da rebeldia: contestar injustiças e arbitrariedades com adequação; posicionar-se contra, a fim de proporcionar reflexão, questionamento e mudanças. Sem agressividade. A contestação rebelde declarada deverá acontecer quando as pessoas envolvidas estiverem preparadas para tal, o que exige um grau profundo de respeito pelas diferenças individuais. Caso contrário, é melhor ficar calado.
O rebelde tumultua a empresa ou qualquer grupo de trabalho. Mas não deve ser eliminado da equipe, mesmo que possa alvoroçar e provocar raiva nas pessoas. Um trabalho de “coach” poderá despertá-lo para o lado positivo da rebeldia; quando isso acontecer, ele será agente de mudanças transformadoras e benéficas para o grupo.

Kátia Ricardi de Abreu, Psicóloga clínica e organizacional, graduada pela PUCCAMP, consultora de empresas, palestrante e escritora