Cliscie voa mais alto               

“O maior erro que você pode cometer é o de ficar o tempo todo com medo de cometer algum”

William Shakespeare

No último outono, escrevi nesta coluna sobre a coragem de Cliscie, uma garota que nunca havia visto uma cachoeira diante dela e que, durante um treinamento outdoor em Brotas-SP com o grupo do escritório onde trabalhava, teve a oportunidade de estar diante de uma queda d´água e praticar o rapel, atividade que consiste na descida da cachoeira através de uma série de procedimentos envolvendo cordas, e, sobretudo preparo físico e psicológico.

Por estes dias, o pessoal do escritório me enviou notícias dela. Boas notícias, que me deixaram emocionada: “você se lembra da Cliscie descendo a cachoeira em Brotas? A menina mais insegura (parecia) e corajosa ao mesmo tempo! Agora, ela nos deixa e parte para morar na Austrália e fazer curso de inglês. Vamos sentir a falta dela, mas certamente, com muito orgulho!”.  

O impacto que a coragem de Cliscie causou no grupo naquela manhã de domingo, ficou gravado para sempre; com certeza ela se abriu para muitas outras situações onde não só aceitou como criou oportunidades para seu crescimento em todos os sentidos.

Muitas vezes permanecemos enquadrados nas limitações que criamos para construir uma sensação de segurança; porém, quando ficamos estacionados durante muito tempo no mesmo ponto, esta mesma sensação de segurança que serviu para nos proteger emocionalmente, pode se transformar em acomodação e nos impedir de viver experiências mais abrangentes. Criamos uma invisível cerca com arame farpado e outros mecanismos de proteção interna para afastar novidades, oportunidades e até mesmo relacionamentos. Sabemos administrar felicidade? Sabemos reconhecê-la? Conseguimos nos conceder a oportunidade de experimentá-la? Permitimos que ela se instalasse em nossas vidas?

Somos responsáveis pelas nossas escolhas. Se errarmos, podemos voltar atrás; se não quisermos voltar atrás, podemos seguir adiante com novas propostas, com um novo olhar sobre o mundo, sobre as pessoas e sobre nós.  Lamentável é não assumir a responsabilidade pelas nossas decisões. Covardia é culpar o outro pelas cachoeiras que não vimos, pelas Austrálias que não fomos, pelos abraços que recusamos, pelo carinho que não ofertamos.

Desejo muito sucesso para todas as pessoas como a Cliscie, que sabem enfrentar seus medos e superá-los, que olham de frente para os desafios da vida, que buscam a segurança dentro de si nos momentos mais inseguros, que correm riscos de forma não aventureira, mas acreditando nos benefícios de dizer para a vida um enorme SIM!

Kátia Ricardi de Abreu, Psicóloga graduada pela PUCCAMP, especialista clínica em Análise Transacional pela ALAT e UNAT-Brasil, consultora de empresas, palestrante e escritora